O presidente da Câmara de Vereadores de Belo Horizonte (MG), Gabriel Azevedo (sem partido), enfrenta um processo de cassação de seu mandato – e a ação está em estágio avançado. Na última terça-feira (28), uma comissão processante da casa que avalia o caso aprovou o relatório da vereadora Professora Marli (PP) que pediu a cassação de Azevedo. O caso agora segue para apreciação do plenário da Câmara. São necessários 28 votos, de um total de 41 vereadores, para que Azevedo seja cassado. A votação precisa ser finalizada até a próxima segunda-feira (4), mas pode ocorrer ainda na semana atual.

Ele é acusado de abuso de autoridade, agressões verbais contra colegas, atuação irregular em uma CPI, exoneração de funcionários por perseguição política e ter falsificado a assinatura do ex-corregedor da Câmara.

A primeira denúncia contra Azevedo foi apresentada por Nely Aquino, que foi vereadora e presidente da Câmara da capital mineira e hoje é deputada federal pelo Podemos. Ela e Gabriel foram aliados e romperam no início do semestre.

Início e especulações

O processo de cassação contra Gabriel se iniciou no dia 4 de setembro. Na ocasião, a abertura foi autorizada com 26 votos favoráveis, e houve 14 abstenções.

O voto “sim”, por parte de 26 parlamentares, pela abertura do processo de cassação não dá segurança de que o afastamento de Gabriel será efetivamente realizado, ainda que os favoráveis sejam maioria na casa. O clima na Câmara é de que será difícil que os adversários de Azevedo alcancem os 28 votos suficientes.

Especula-se que novas denúncias podem aparecer contra Gabriel, o que poderia fomentar novos votos contrários a ele no processo.

Pré-candidato a prefeito

Além de vereador e presidente da Câmara, Gabriel é pré-candidato a prefeito de Belo Horizonte. O quadro explica o empenho de seus adversários para que a imagem do vereador seja arruinada, ou pelo menos desgastada, no processo de denúncia. Porém, é possível que vereadores que votaram a favor da abertura do processo de cassação, tendo em vista a tendência de que o afastamento não vingue, repensem os seus votos para evitar eventuais conflitos e manter base com o pré-candidato.

É interessante observar também a posição de seu grupo, pois novas inimizades podem surgir no meio do caminho.

Nos últimos três meses tem se observado que, mesmo com limitações, foi possível que Gabriel articulasse dentro da Câmara com possíveis aliados, o que pode contribuir para seu fortalecimento. Outra movimentação dele para postergar a continuidade do processo foi o pedido para que a vereadora Professora Marli (PP), não fosse responsável pela relatoria da denùncia, tendo em vista que ela é mãe de um dos adversários declarados de Gabriel, o ex-deputado federal e atual chefe da Casa Civil do governo de Minas, Marcelo Aro, que inclusive já teria manifestado apoio à cassação.