Esta semana nossa análise é baseada no evento da Confederação Nacional da Indústria – “Estratégia da Indústria e a Economia de Baixo Carbono”. O evento teve como objetivo promover o diálogo no setor empresarial com especialistas nacionais e internacionais.  O time do Radar Governamental estava presente, e trazemos neste artigo pontos importantes que foram debatidos.

Estratégia da Indústria para uma Economia de Baixo Carbono

No atual contexto de transição para uma economia de baixo carbono, o mundo precisa enfrentar com urgência dois desafios, sendo: a transformação do modelo de produção e hábitos de consumo, e a adoção de medidas voltadas à adaptação dos países aos impactos climáticos. Tendo isso em vista, o Brasil desempenha um papel relevante nas negociações do Acordo de Paris, isso porque o país foi pioneiro na produção e uso de biocombustíveis. Braga de Andrade citou o programa Renovabio, que estabelece metas de descarbonização do setor de combustíveis e tem contribuído para o aumento na oferta de energia sustentável do país. O Presidente disse que a indústria é essencial para ampliar os investimentos em tecnologias limpas e criar soluções voltadas à consolidação de uma economia de baixo carbono. E a CNI tem incentivado tais iniciativas empresariais, atuando junto ao governo para que o país adote um plano consistente de descarbonização da economia.

Para isso, segundo Braga de Andrade, a estratégia nacional deve basear-se em 4 pilares: a transição energética, o mercado de carbono, a economia circular e a conservação florestal. Esses pilares, junto a propostas para essas áreas, foram apresentados aos candidatos à presidência da república com a expectativa de que essas sugestões sejam consideradas nos projetos de governo daquele que for eleito em outubro. Com isso, mostrou como essas metas já começaram a remodelar o mercado energético global, a demanda por óleo e gás já começou a diminuir e a geração de energia solar e eólica teve um aumento. Porém, não em escala suficiente para se cumprir as promessas anunciadas. 

Deve haver um aumento de 4% na eficiência energética até o final desta década para chegar a emissão zero até 2050. Husar apresentou um gráfico com as principais metas a serem atingidas em relação a matriz energética, sendo que uma delas versa sobre não haver nenhum campo de extração de petróleo e gás aprovado para ser desenvolvido a partir de 2020. Porém, ainda são necessários muitos avanços tecnológicos para que essas metas sejam colocadas em prática.

Mercado regulado de carbono: regras claras e benefício econômico

Para que o Brasil honre o compromisso das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC), definido a partir do Acordo de Paris, é preciso que seja criado um mercado regulado de carbono. A defesa da indústria é por um mecanismo no sistema cap and trade, em que uma empresa com volume de emissões de gases de efeito estufa inferior ao autorizado possa vender o excedente.

Esse mercado, entretanto, exige um monitoramento robusto, transparente, consistente e preciso, segundo Polona Gregorin, vice-chefe da Unidade de Coordenação de Políticas ETS e Mercados Internacionais de Carbono da Comissão Europeia. Com base na experiência internacional, ela destaca a necessidade de regras claras e supervisão.

Gerente de Clima e Energia da CNI, Juliana Falcão destacou que esse mercado regulado tem impacto direto no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país, aumenta emprego e renda, além de criar receita.

Fundamental para um mundo baixo carbono, economia circular exige mudança de cultura

Outro pilar para a transição é a economia circular, que, na visão de Douwe Jan Joustra, diretor administrativo da Implement Circular Economy Amsterdam (ICe), é um dos passos mais lentos por exigir uma mudança de comportamento. “Todos me perguntam por que a implementação é tão devagar, se é a regulação ou a falta de política governamental. Não sabemos. Na minha opinião, temos um real problema porque crescemos numa economia linear, onde todos foram exitosos. E é difícil se arriscar, pensar em como agir diferente“, explica e diz que mundo precisa de medidas que mudem a economia e tragam impacto positivo

No entanto, ele afirma que estamos correndo contra o tempo e que as necessidades vão mudar. “É preciso soluções efetivas que realmente mudem a economia e causem impacto positivo no mundo.”

Presidente do Comitê Técnico 323 da ISO sobre Economia Circular e diretora de Estratégia e Inovação da Veolia, Catherine Chevauché corrobora o argumento de que o conceito é simples, mas difícil de implementar porque ainda estamos em economia linear. “Temos que abrir nosso mindset, colaborar e compartilhar novas soluções.”

Para Carlos Eduardo Vieira da Silva, diretor de Matérias-Primas e Florestas da Gerdau, um dos materiais indispensáveis nessa cadeia de baixo carbono é o aço. Para isso, segundo ele, será preciso incentivar a reciclagem “que prevê o retorno do material que usamos no dia a dia para as cadeias produtivas”. Presidente da FPT Industrial, marca do Iveco Group, Marcos Rangel diz que também é fundamental buscar soluções colaborativas, como parceiros e fornecedores que estejam engajados em mudar a base da economia.

Fontes de Energia

Na avaliação do gerente-executivo de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI (Confederação Nacional da Indústria), Davi Bomtempo, a diversificação proporcionada pelas fontes eólica, hidráulica, solar e biomassa (material orgânico) nesse arranjo é preponderante para mitigar os riscos no suprimento de energia aos consumidores, trazendo mais segurança aos agentes do mercado. “Isso se constrói com incentivos à inovação e linhas de financiamento para expansão e modernização da infraestrutura de geração de energia. Segurança energética e energias limpas são os temas mais recorrentes hoje nos fóruns internacionais. A complementaridade das fontes permite que, na eventualidade de uma se tornar escassa, outra entre de forma a suprir a demanda”, disse.

A crise hídrica de 2021 mostrou que a multiplicidade de fontes de energia para geração de eletricidade amenizou os efeitos negativos da escassez de chuva. Apesar da baixa verificada no nível dos reservatórios e na produção de hidroeletricidade, o quadro foi compensado pelo aumento da oferta de outras fontes, incluindo a eólica (+27%) e a solar fotovoltaica (+56%), em comparação com o ano de 2020. A fatia de 45% das renováveis na matriz energética “representou uma redução conjuntural em relação aos 48% de 2020, mas um avanço em relação aos 39,5% observados em 2014, ano também impactado por escassez hídrica”, comparou a EPE na divulgação do Relatório Síntese.

Nessa paleta de fontes renováveis, Davi Bomtempo, da CNI, chama atenção para o aproveitamento energético do hidrogênio como alternativa eficaz à descarbonização da economia global.

Especialmente o hidrogênio verde, obtido a partir de fontes renováveis, é uma opção que não emite GEE em sua produção, tem alto poder calorífico (quantidade de energia interna) e capacidade de acelerar a neutralidade climática até 2050. “O hidrogênio verde é um dos temas mais discutidos no Brasil e no mundo quando tratamos de transição energética. A região Nordeste, principalmente os Estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, tem atraído investimentos significativos de países europeus, que apostam nesse combustível como alternativa aos de origem fóssil, e tem sido apontado como o ‘combustível do futuro’.

Transição Energética: O que isso significa para o Brasil?

O Brasil tem grandes oportunidades de investir em energia renovável e descarbonização. Como avanços no setor de energia, a regulação do mercado de carbono, a criação do mercado de offshore, e o PL 414/21, o qual cria a liberação do mercado do setor elétrico até 2026. Thiago Barral pontuou que o Brasil deve ampliar o mercado de energia e que o país possui uma posição privilegiada no setor de energia renovável, mas que deve correr atrás da tecnologia que ele exige. Por fim, Luiz Barroso afirmou que o Brasil deve explorar o setor energético como um meio para desenvolvimento, competitividade industrial, justiça social, redução de desigualdade e redução de pobreza.

Segundo Thiago Barral, o Brasil possui opções de energias renováveis muito competitivas, mas que o país não pode partir do pressuposto de definir a “tecnologia vencedora”, pois uma opção, não vai, isoladamente, garantir o sucesso energético. Completou, ainda, que é necessário ter resiliência, mantendo-se preparado para os momentos de crise.

Para Luiz Barroso, a chave para lidar com a abundância ou escassez de energia está no armazenamento, como, por exemplo, o reservatório das hidrelétricas. Assim, o Brasil deve colocar no seu planejamento de energia de baixo carbono esses reservatórios.

Estratégia da Indústria

O Governo dos Estados Unidos possui parceria com o Governo Brasileiro para buscar uma solução para a crise climática; as oportunidades de inovação que a crise climática nos trouxe, para expandir os relacionamentos existentes e novos aliados e ainda, a determinação do Governo dos Estados Unidos para cumprir com os compromissos climáticos.

A importância dessa Legislação Executiva é enfrentar a crise climática de uma maneira que gere empregos, desenvolva indústrias e torne o país mais competitivo economicamente. Todas as agências devem ser, uma agência climática. Uma das missões tratadas, é de fazer com que todas as indústrias que são do departamento do estado, atinjam 100% de energia livre de poluição por carbono, trabalhar para tornar prédios e veículos totalmente livres do uso de carbono. Também foi destacado a assinatura, pelo Presidente do EUA da Lei da Redução da Inflação de 2022, que direciona quase 330 bilhões de dólares para aumentar a produção de energia renovável. Tal Lei, estima que seja reduzida as emissões de dióxido de carbono para o nível mais baixo, desde 60 anos atrás, que é a principal meta do presidente até 2030, para evitar o aquecimento global.

Contudo, muitos especialistas temem que os programas propostos por essa Lei, possam indiretamente financiar o desmatamento, o uso de fertilizantes e a criação de animais, porém informou que nenhuma lei é perfeita, contudo essa seria muito benéfica. 

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