As Redes Sociais no ambiente político. Na última década as redes sociais passaram a ser mais conhecidas e utilizadas, não sendo surpresa que a influência das mídias sociais, aliadas ao marketing político, tenham sido empregadas como uma ferramenta estratégica nas últimas eleições no Brasil e no mundo.

Na edição da Revista ISTOÉ desta semana, publicada em 20/06, Juliana Celuppi, CEO do Radar Governamental , que coordenou a pesquisa, comentou que:

“O problema é que as redes são usadas como ferramentas de influência para assuntos específicos e não contemplam todas as atividades e nuances da atuação parlamentar”

Apesar do ambiente virtual se apresentar como uma alternativa moderna, rápida, de baixo custo e grande alcance, que envolve atores políticos chave no processo de construção e divulgação de mensagens, não se pode ignorar que, ao menos no Brasil, há uma parcela significativa do eleitorado que não possui acesso à internet. Mais do que isso, ao analisar a realidade virtual dos parlamentares brasileiros em âmbito federal e estadual, observa-se que as redes sociais são utilizadas como ferramenta de influência para assuntos específicos, não contemplando, de forma alguma, todas as atividades e nuances de atuação dos parlamentares.

Dada a relevância do assunto, o Celuppi Advogados, com dados do Radar Governamental, promoveu um estudo completo sobre o comportamento das redes sociais dos parlamentares federais e estaduais em todo Brasil, trazendo fatos e dados para uma melhor compreensão do assunto.

Escopo

A análise considerou as quatro principais redes sociais, quais sejam: Facebook, Twitter, Instagram e LinkedIn.

No cenário federal, avaliamos os seguintes cargos: Presidente, Vice-Presidente, Deputados Federais e Senadores. Foram, portanto, analisadas a participação e performance de 596 políticos.

Em âmbito estadual, foram analisadas as redes sociais de 1086 parlamentares (1059 deputados estaduais e 27 Governadores (com DF).

Avaliamos não somente o número de parlamentares que possuem páginas nas redes, pois a existência de página na plataforma não significa, necessariamente, sinônimo de usabilidade ou influência. Para dados mais precisos, o Celuppi Advogados, com dados da plataforma Radar Governamental, analisou a performance dos políticos nas redes sociais considerando a frequência de postagem dos mesmos, bem como os números de seguidores, entre outras análises.

Vale considerar que no mapeamento não levamos em consideração os potenciais números de bots e perfis falsos que são continuamente criados com a finalidade de influenciar de um lado ou outro a “opinião das mídias sociais”, dada a dificuldade de sua identificação.

Confira a íntegra do estudo aqui.

Conclusões

Constatamos que, como já é de conhecimento geral, existem experiências relevantes e importantes em andamento sobre a influência das redes sociais na formação de políticas públicas, mas existem muitos desafios a serem superados. Dentre eles é a necessária cautela quando da análise da influência das redes nas votações de projetos de lei, eis que, fato é que nem todos os eleitores são seguidores ou mesmo usuários da rede, além da dificuldade de identificação de perfis falsos ou bots, dificuldade tamanha que não foi possível ser incluída nesta análise.

Outra conclusão relevante é que nem todas as discussões importantes, principalmente no âmbito dos estados, estará disponível nas redes sociais, em locais inclusive onde as votações acontecem muitas vezes de forma analógica. Além disso, nem todas as atividades parlamentares estão postadas na rede, não obstante alguns parlamentares costumem postar suas atividades na forma de um diário, é improvável, no cenário de hoje, que tenhamos nas redes 100% das atividades que os parlamentares realizam durante o dia.

Portanto, é imperioso concluir que nem todas as votações e atividades parlamentares cotidianas estarão exaustivamente postadas nas redes e, por isso, é importante que a população participe de forma próxima de seus eleitos, acompanhando a sua gestão em outras formas. Que o faça também por meio das próprias redes sociais, mas também de forma pessoal nas diversas atividades que os parlamentares costumam realizar em suas bases eleitorais, além de acompanhar, quando possível, os trabalhos nas casas legislativas pelo país pelos meios disponíveis.

A análise das redes sociais nos parece sim ser um meio relevante para acompanhar algumas nuances de conjuntura política, mas, não é, de forma alguma, um caminho absoluto para este tipo de estudo e nem deve ser considerada como única métrica de medição de influência e formação de convicção dos próprios parlamentares.