As perspectivas para o Governo de São Paulo
A poucos dias do primeiro turno da eleição de 2022, cresce o número de pesquisas eleitorais divulgadas e esquentam as análises sobre quais nomes deverão levar a disputa, já no dia dois, e quais Estados deverão seguir com a disputa para o 2º turno. Nesse contexto apresentamos uma análise completa e atualizada com as perspectivas para o Governo de São Paulo.
Além disso, em alguns locais a corrida eleitoral apresenta ainda traços indefinidos, sem uma perspectiva mais sólida de como será a distribuição da força nas urnas.
Olhando especificamente para São Paulo, as pesquisas trazem o candidato petista Fernando Haddad em primeiro lugar, seguido do candidato apoiado pelo governo Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, do Republicanos e ex-Ministro da Infraestrutura, e por Rodrigo Garcia, do PSDB e atual governador que foi eleito em 2018 como vice na chapa de João Dória.
Apesar da diferença na porcentagem de apoio, Freitas e Garcia estão empatados na margem de erro, ao passo que Haddad crava 10% a frente nas intenções de voto.
Embora o cenário demonstre uma preferência pelo nome do petista, que tem o apoio do ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro colocado nas pesquisas de intenção de voto para o Governo Federal, a disputa pelo Executivo paulista esbarra em índices que vem se alterando dia-a-dia e em padrões históricos.
PSDB
O PSDB, partido de Garcia, governa o estado há 28 anos e nesse período, observa-se um padrão das disputas eleitorais que pode indicar um ponto favorável para Rodrigo Garcia.
Historicamente, com exceção de Márcio França, do PSB, em 2018, os candidatos à reeleição saem vitoriosos nas urnas. E, em acréscimo, todos esses candidatos que saíram vitoriosos eram do PSDB.
Isso ocorreu com Mário Covas (Eleito em 1994 e reeleito 1998), Alckmin (Reeleito em 2002, ele havia assumido o governo em 2001 com a morte de Covas, e eleito novamente em 2010 e reeleito 2014). Os que não foram para um segundo mandato foi porque não concorreram: José Serra (Eleito em 2006, mas sem disputar a reeleição em 2010, quando migrou para a disputa pelo Governo Federal) e Alberto Goldman (Assumiu o governo em 2010 com a renúncia de Serra, mas optando por ficar fora da disputa pela reeleição naquele ano).
Assim o atual Governador tem a seu favor, além do fato que as últimas 7 eleições para o Governo do Estado em São Paulo foram vencidas pelo PSDB, o padrão de que todos os candidatos do partido que tentaram à reeleição saíram vitoriosos em São Paulo. Tal cenário, caso mantido nas urnas, pode viabilizar então, em um primeiro momento, a vitória de Rodrigo Garcia apesar da preferência hoje por Tarcísio
Rodrigues.
Segundo turno
Quanto a uma leitura sobre o provável 2º turno paulista, apesar de, como citado, Haddad sair na frente nas pesquisas a 2ª fase da disputa, análises indicam que há uma identificação ideológica mais forte entre os eleitores de Tarcísio e Rodrigo, o que pode indicar uma transferência de voto mais substancial entre os dois, dando mais força ao candidato que seguir na disputa contra Haddad, caso o favoritismo dele nas pesquisas venha a ser confirmado nas urnas.
No 2º turno, para Garcia, volta a contar o peso do PSDB no Estado. Dos 645 municípios do Estado, ao menos a metade conta com o PSDB na administração, em cargos de Prefeito ou vice-Prefeito. Além de, como citado, o padrão histórico que a sigla tucana tem a seu favor nas disputas pela reeleição.
Já para Freitas poderá contar o seu alinhamento junto ao Governo Federal e a boa avaliação que o Presidente Jair Bolsonaro tem no Estado, pesquisa da Quaest de oito de setembro aponta Bolsonaro com 37% das intenções de voto contra 36% de Lula. Além disso, o ex-Ministro tem como vice Felício Ramuth, ex-Prefeito de São José dos Campos e nome de influência no Vale do Paraíba.
Haddad, nesse cenário, sairia em desvantagem. Com uma chance menor de ser beneficiado com a transferência de votos, conta em seu desfavor também o fato deque seu partido, o PT, nunca governou o Estado e tem em sua conta apenas 3 gestões na Prefeitura da capital: Luiza Erundina (1989 – 1992), Marta Suplicy (2001 – 2004) e o próprio Haddad (2013 – 2016). Tanto Marta quanto Haddad disputaram a reeleição, mas não foram eleitos para um segundo mandato.
Futuro da disputa
Dada as considerações, afunilam-se esses como os desafios de Haddad na disputa paulista e permanece as reflexões também sobre o futuro de Rodrigo Garcia e se ele conseguirá, mesmo com as adversidades em torno de seu histórico, preservar o comportamento histórico do eleitor do Estado que favorece os nomes do PSDB.
Nesse sentido, vale ainda uma última ponderação de que embora Garcia seja filiado ao PSDB, ele é figura nova no partido. Entrou para o quadro de filiados da sigla apenas no ano passado e não tem tanta força quanto seus antecessores tucanos tinham no Estado. Serra tinha um histórico de atuação como Ministro e o Alckmin era bastante forte no Vale do Paraíba.
Além disso, o Governador herdou uma gestão com índices baixos de aprovação junto ao eleitorado. Dória, de quem era vice-governador, deixa o Estado em abril com aprovação na Casa de 20%.
Desafio
Com isso, a disputa paulista apresentará, em qualquer um dos cenários, um novo capítulo para a história política do Estado. Seja pela quebra da hegemonia de vitórias do PSDB ou pela reeleição de um nome do partido mas sem a mesma tradição política de seus antecessores.
Artigo escrito por Jonas Del Nobile e Carla Victoria Irrazabal
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