O vice-governador de Minas Gerais, Mateus Simões, deixou o Novo para engrossar as fileiras do PSD. Simões deve assumir o governo em abril de 2026, com a renúncia do governador Romeu Zema, que já anunciou que será candidato à Presidência nas eleições do ano que vem. A mudança tem por intuito dar a Simões mais fôlego e musculatura para disputar as eleições de 2026, uma vez que o PSD conta com mais verba no fundo partidário e tempo de TV (o Novo não atingiu a cláusula de barreira nas eleições de 2022 e não conta com espaço no horário eleitoral gratuito).

Dentro do Novo, as opiniões se dividiram. Parte da legenda entende que Simões está indo para um partido com maior robustez, o que fará com que a legenda não precise investir seus recursos em uma cara campanha ao Executivo mineiro e possa investir na eleição de deputados federais, facilitando ao partido a missão de superar a cláusula de barreira; outros, a exemplo do deputado federal gaúcho Marcel van Hattem, entendem que a estratégia constitui um erro. Fato é que a ida de Simões ao PSD foi articulada pelo próprio governador Zema, que esteve presente no evento de filiação e afirmou que o casamento entre as duas legendas tem tudo para dar certo, além de já ter declarado seu apoio a Simões na corrida para o governo em 2026.

Entretanto, garantir mais estofo e maior visibilidade à futura campanha de Mateus Simões não é o único motivo para a troca de legenda. Ao se filiar ao PSD, o vice-governador migra para o mesmo partido do senador Rodrigo Pacheco. O parlamentar, que presidiu o Senado entre 2021 e 2025, era o favorito do presidente Lula para disputar as eleições para o governo de Minas Gerais, e a ida de Simões para o PSD força um recálculo de rota para Pacheco e para o PT.

Caso o partido de Lula insista em apoiar o senador, será necessariamente por outra legenda (MDB e PSB já confirmaram conversas com Pacheco). Se a aliança não se concretizar, os petistas têm duas opções: apoiar Alexandre Kalil (PDT), que esteve com Lula em 2022, mas se distanciou do presidente, ou lançar um candidato próprio (algumas pesquisas de intenção de votos testaram o nome da prefeita de Contagem, Marília Campos, que oscila entre 10% e 15%). Seja como for, o cenário simbolizou um impasse para o PT, que incentiva abertamente a candidatura do senador. No PSD, porém, isso será inviável: pelo posicionamento afável de Pacheco com Lula e pelas críticas duras que Simões (assim como Zema) fazem ao petista.

Simões ainda é um quadro pouco conhecido do eleitor. Entretanto, sua ida para o PSD, onde provavelmente terá o maior tempo de TV e bastante exposição, o coloca em uma situação muito confortável para crescer nas pesquisas. Vale lembrar que ele deve “roubar” votos do senador Cleitinho Azevedo (Republicanos), tanbém pré-candidato ao governo de Minas, que é atual líder das pesquisas de intenção de voto, mas que tem estado em conflito com os bolsonaristas. Simões, por outro lado, não buscará brigar com o grupo ligado a Bolsonaro. Simões, Zema e o Novo vêm buscando centrar as críticas ao PT. O partido de Lula, além de ter de lidar com as críticas do candidato que representará um governo bem avaliado no estado, terá de buscar um novo plano para as eleições mineiras do ano que vem.