Qual a força de um grupo de trabalho da Câmara?
A reforma tributária poderá ter um encaminhamento próximo na terça-feira (28), quando o grupo de trabalho sobre o tema da Câmara dos Deputados fará sua primeira reunião. O colegiado foi criado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que nomeou o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG) como coordenador e o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) como relator.
A meta inicial do grupo é consolidar as diferentes propostas que existem hoje no Congresso sobre o assunto. Duas Propostas de Emenda à Constituição (PECs), a PEC 110/2019 e a PEC 45/2019, tramitam há anos na casa e gozam de relativo grau de aceitação entre os parlamentares, mas não o suficiente para que possam ser submetidas, sem o risco de imprevistos, a votação. E a expectativa dos defensores da reforma e da equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é a de deixar o projeto bem consolidado nos bastidores antes de expô-lo a público.
O questionamento que se pode fazer a partir daí é: qual a real capacidade de um grupo de trabalho para fazer com que uma proposta de tramitação tão difícil finalmente avance? O grupo de trabalho é realmente o melhor mecanismo para isso?
A resposta está em um elemento que explica, ao mesmo tempo, as forças e as fraquezas dos grupos de trabalho na Câmara: a informalidade. O grupo de trabalho é constituído a partir de um ato oficial do presidente da Câmara, mas suas regras não são das mais rígidas. O presidente não é obrigado a seguir critérios de proporcionalidade na hora da escolha dos membros do colegiado, o que abre caminho para que privilegie determinado partido ou estado. No caso do grupo de trabalho atual, a formação despertou críticas pelo fato de o colegiado ter três deputados do Amazonas e nenhum da Região Sul. Há também contestações por conta da ausência de mulheres no grupo.
Além disso, não há nenhuma obrigatoriedade em relação ao “segundo passo” após o grupo de trabalho finalizar sua produção. A Câmara não é obrigada a dar encaminhamento ao que foi feito pelo grupo, e com isso as chances de engavetamento existem. Um exemplo concreto foi o que ocorreu com um grupo de trabalho que discutiu o semipresidencialismo e concluiu seus trabalhos no ano passado. A finalização das atividades trouxe alguma repercussão e o assunto chegou a entrar nas discussões políticas, mas por pouco tempo. Hoje, praticamente não se fala mais em semipresidencialismo.
A escolha de Reginaldo Lopes e Aguinaldo Ribeiro para encabeçar o grupo de trabalho da reforma tributária é, de certo modo, uma vacina contra o problema citado acima. Ambos fazem parte do chamado “alto clero” do Congresso. Reginaldo era, no ano passado, o líder do PT na Câmara. Aguinaldo foi ministro das Cidades e líder do governo de Michel Temer (MDB). A reforma tributária também figura entre os desejos de Lira e Lula, o que pode intensificar os apoios em torno do assunto. E o caso atual servirá ainda como um ilustrativo da real capacidade dos grupos de trabalho de influenciarem na dinâmica do Legislativo.
Related Posts
Deixe um comentário Cancelar resposta
Você precisa fazer o login para publicar um comentário.
Categories
- Amazonas (5)
- Bahia (3)
- Belém (1)
- Belo Horizonte (3)
- Brasil (224)
- Brasília (8)
- câmara dos deputados (1)
- ceará (1)
- congresso por dentro (10)
- COVID-19 (41)
- Cuiabá (2)
- Curitiba (2)
- Distrito Federal (1)
- educação (1)
- efeito taylor swift (1)
- Eleições Municipais (20)
- Espírito Santo (6)
- Eventos e Participações (13)
- Florianópolis (1)
- Goiânia (1)
- Institucional (2)
- Internacional (9)
- Juliana Celuppi (2)
- Maceió (1)
- Manaus (1)
- Mato Grosso (1)
- Mato Grosso do Sul (1)
- Minas Gerais (3)
- Natal (1)
- Palmas (2)
- Paraíba (2)
- Paraná (4)
- Pernambuco (4)
- Poder Legislativo (2)
- Porto Alegre (1)
- Radar na Imprensa (8)
- Relações Governamentais (1)
- Rio de Janeiro (23)
- Rio Grande do Norte (1)
- Rio Grande do Sul (8)
- Roraima (1)
- Salvador (1)
- Santa Catarina (6)
- São Luís (1)
- São Paulo (55)
- Saúde (1)
- Tocantins (2)
- Uncategorized (81)
- vídeo (1)